11/11/09 -
Presidente da CBC fala sobre doping no ciclismo: 'O atleta busca um milagre'
José Luiz Vasconcellos afirma que confederação faz trabalho de divulgação, mas cabe só ao ciclista decidir: 'Tudo é informado, e o cara vai lá e faz'
João Gabriel Rodrigues
Rio de Janeiro
Presidente da confederação elogia trabalho antidoping realizado no ciclismo brasileiro Esporte famoso pelo alto número de casos de doping lá fora, o ciclismo no Brasil se mantinha fora destas estatísticas. Com poucos atletas flagrados em competições realizadas aqui dentro, o país ficava alheio aos escândalos internacionais. Mas, em 2009, assim como no atletismo e na ginástica, a situação começou a mudar. No mês passado, quatro atletas foram pegos em exames, sendo suspensos por dois anos, e outras três denúncias foram feitas. O presidente da Confederação Brasileira de Ciclismo (CBC), José Luiz Vasconcellos, no entanto, afirmou que a entidade tem feito um trabalho para evitar que a prática seja recorrente, e que o problema está no desespero do ciclista em busca de resultados nas competições.
- É um contexto geral. Às vezes, o atleta busca um milagre e acaba utilizando substâncias proibidas. Temos feito este controle em todos os eventos, seguimos as normas internacionais. Há tempos que não estávamos tendo resultados positivos, não sei o que andou acontecendo. É uma coisa engraçada. Não só no ciclismo. De repente, todo mundo resolve se dopar – disse o dirigente, em entrevista por telefone ao GLOBOESPORTE.COM.
Para o presidente, o aumento do número de casos não é fruto de um maior controle nas competições. Segundo ele, a CBC sempre realizou este tipo de exame nas provas nacionais. Vasconcellos, no entanto, sugere uma possível melhora nos laboratórios.
- Eu acredito que os laboratórios estão mais preparados. Sempre tivemos este controle. De repente, nos mesmos laboratórios, aparecem mais casos. Pensaram que de repente não fossem ser pegos. Eu acredito que isso demonstra a seriedade da confederação. Estamos fazendo a nossa parte, criamos uma cartilha informando, principalmente aos jovens e aos técnicos. Tudo é informado. Wada, agência internacional, COI. E o cara vai lá e faz. É uma coisa estranha – afirmou.
Vasconcellos afirma que, para um esporte que faz tantos exames antidoping no mundo inteiro, o alto número de casos no ciclismo é algo compreensível.
- O ciclismo faz muitos exames. Só no ano de 2008, foram 19 mil. Vamos falar da Europa, sete eventos de segunda a segunda. É muita coisa. Eu não vejo por esse lado (muitos casos no esporte). O ciclismo realmente exerce o controle. Pode estar puxando a fila do passaporte biológico.
Da mesma forma, o presidente não acredita que os últimos casos manchem a imagem do ciclismo no país.
- Pelo contrário. O doping faz parte de um contexto. As pessoas que contratarem esses atletas, as pessoas que investirem, terão de ter um tópico sobre isso no contrato. As entidades têm que trabalhar com o esporte. Acho que seria muito ruim se não tivesse esse controle
Segundo o dirigente, o principal é fazer um trabalho psicológico com os atletas.
- Eu vejo que temos que trabalhar, fazer uma divulgação. É um contexto. O atleta sabe de tudo, o que é ou não é proibido. Esta questão está na cabeça do atleta. Ele pode tentar uma loteria esportiva. Jogar ou ganhar. A orientação está em tudo.
Vasconcellos também aposta em um crescimento do esporte no Brasil, em busca de um bom desempenho para 2016. De acordo com o presidente, é essencial que haja um trabalho de desenvolvimento das categorias de base no país.
- A gente tem trabalhado muito, desenvolvido muito o esporte no país. O ciclismo cresceu demais nos últimos cinco anos. Temos 17 eventos registrados na federação internacional. Nós estamos trabalhando e fazendo com que o esporte cresça, desenvolva no contexto geral. Temos que trabalhar na categoria júnior e sub-23. São essas categorias que vão nos representar em 2016 - finalizou.
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
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