sexta-feira, 30 de julho de 2010

Ciclista brasileiro brilha na Itália e vira esperança de pódio no Pan de 2011


Em Padova há três anos, Rafael Andriato é um dos favoritos à conquista do título do Tour do Rio
Por Mariana Kneipp

Aos 10 anos de idade, Rafael Andriato ganhou um presente de seu pai. Uma bicicleta “nada top”, como descreveu, somente de ferro, sem nenhuma marcha. Naquele momento, ele não sabia, mas nascia ali sua paixão pelo ciclismo. Treze temporadas depois, o atleta de São Paulo é um dos principais representantes da equipe italiana de Trevigiani e chega para o Tour do Rio como um dos favoritos ao título.

- Meu pai sempre foi ciclista. Comecei bem cedo, mas não era nada sério. Na minha primeira corrida, aos 12 anos, tirei segundo lugar contra meninos de dois a quatro anos mais velhos que eu. Aí, já me empolguei. Naquele mesmo ano, também fui campeão paranaense júnior. O que era divertimento até então, virou coisa séria e a minha maior paixão – contou o ciclista.

Rafael Andriato é um dos favoritos à conquista do título do Tour do Rio.
Campeão brasileiro juvenil aos 15 anos, Andriato ainda passou por Maringá e Santos antes de chegar a Padova. Foi em 2007 que o jovem atleta recebeu o convite do ídolo Luciano Pagliarini para embarcar para a Europa e fazer parte de seu projeto de revelações do ciclismo.

- Ele foi um irmão mais velho para mim. Quando cheguei na Itália, não falava a língua, não conhecia a cultura e morria de frio. Logo no quinto dia, tive de treinar com menos dois graus de temperatura. Pensei em desistir. Mas persisti e tive apoio total do Luciano, que morava a poucos metros da casa de base da nossa equipe – disse Andriato.

O que era divertimento até então, virou coisa séria e a minha maior paixão"Rafael AndriatoNa Trevigiani, o ciclista ainda busca o sonho de se tornar profissional, já que ainda está na categoria de base do esporte, que tem atletas de 19 a 26 anos. Para isso, ele já somou três vitórias em provas de 2008 e mais duas no ano seguinte. Nesta temporada, conquistou apenas um título, mas avalia sua evolução na equipe como bastante positiva e não pensa em voltar ao Brasil.

- Já estou me sentindo quase um italiano. Gosto de tudo daqui, estou totalmente adaptado. Viver de esporte no Brasil é muito complicado. Não tem uma estrutura tão boa, os salários ainda são baixos. Um campeão olímpico chega a ganhar até um milhão de euros por ano (R$ 2,3 milhões) e um profissional de alto nível uns 100 mil euros (R$ 230 mil), o que já seria ótimo. Eu não chegaria a isso aqui – concluiu.

Ciclista sonha com medalha no Pan.
Há três anos na Itália, Andriato já até conseguiu acabar com as brincadeiras de implicância dos companheiros de equipe. O ciclista conta que quando chegou teve de explicar o motivo de ter escolhido a bicicleta e não a bola como esporte.

- Eles brincavam que só existia futebol e carnaval no Brasil. Tinha sempre que explicar que eu gostava de futebol, mas não sabia jogar. Meu talento é só no ciclismo mesmo (risos) – disse o atleta.

Já de olho nas Olimpíadas de Londres, Andriato não quer esperar dois anos para conseguir um bom resultado internacional. O ciclista avisa que seu objetivo mais próximo está no Pan de Guadalajara-2011.

- Acho que tenho grandes chances de conquistar uma medalha no Pan. No último, fui 15° colocado, mas era muito jovem ainda. Agora, estou muito melhor. O caminho foi difícil, mas não me arrependo de nada. Faria tudo de novo para chegar onde estou. Meu sonho é sempre representar bem meu país e sei que ainda posso ir muito longe.

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